December 27, 2015

Música: The Letter Black


Como faz tempo que não faço uma indicação musical aqui em meu blog, hoje apresento aqui uma boa banda de metal alternativo: The Letter Black.


 The Letter Black, anteriormente conhecida como Breaking The Silence, é uma banda estadunidense formada em 2006. Estrearam no mundo da música com o álbum Stand (2007). A banda, atualmente, é composta por Sarah Anthony (vocais), Mark Anthony (backing vocal e guitarra), Slagle Mateus (bateria), Matt e Beal (baixo).
 A sonoridade do The Letter Black alterna entre o metal alternativo e o gothic metal. O som produzido por eles mistura guitarras pesadas com a suavidade do vocal feminino; algumas de suas influências musicais são Sevendust, Metallica, Megadeth e Alanis Morissette.
Conheci esta banda através do álbum Hanging On by a Thread, de 2010; o considero como um de seus melhores trabalhos. Seu álbum mais recente, Rebuild, foi lançado em 2012.
Algumas músicas:





Uma boa semana a todos..^^

December 20, 2015

Pensamento.

"É a incerteza que nos fascina. 
Tudo é maravilhoso entre brumas."

- Oscar Wilde



Um ótimo fim de ano a todos!
Abraços..

December 2, 2015

Canto III - Dante Aliguieri



CANTO III


Por mim se vai das dores à morada,
Por mim se vai ao padecer eterno,
Por mim se vai à gente condenada.

“Moveu Justiça o Autor meu sempiterno,
Formado fui por divinal possança,
Sabedoria suma e amor supremo.

No existir, ser nenhum a mim se avança,
Não sendo eterno, e eu eternal perduro:
Deixai, ó vós que entrais, toda a esperança!”

Estas palavras, em letreiro escuro,
Eu vi, por cima de uma porta escrito.
“Seu sentido” — disse eu — “Mestre me é duro”

Tornou Virgílio, no lugar perito:
— “Aqui deixar convém toda suspeita;
Todo ignóbil sentir seja proscrito.

“Eis a estância, que eu disse, às dores feita,
Onde hás de ver atormentada gente,
Que da razão à perda está sujeita”.

Pela mão me travando diligente,
Com ledo gesto e coração me erguia,
E aos mistérios guiou-me incontinênti.

Por esse ar sem estrelas irrompia
Soar de pranto, de ais, de altos gemidos:
Também meu pranto, de os ouvir, corria.

Línguas várias, discursos insofridos,
Lamentos, vozes roucas, de ira os brados,
Rumor de mãos, de punhos estorcidos,

Nesses ares, pra sempre enevoados,
Retumbavam girando e semilhando
Areais por tufão atormentados.

A mente aquele horror me perturbando,
Disse a Virgílio: — “Ó Mestre, que ouço agora?
 “Quem são esses, que a dor está prostrando?” —

“Deste mísero modo” — tornou — “chora
Quem viveu sem jamais ter merecido
Nem louvor, nem censura infamadora.

“De anjos mesquinhos coro é-lhes unido,
Que rebeldes a Deus não se mostraram,
Nem fiéis, por si sós havendo sido”.

“Desdouro aos céus, os céus os desterraram;
Nem o profundo inferno os recebera,
De os ter consigo os maus se gloriaram”.

— “Que dor tão viva deles se apodera,
Que aos carpidos motivo dá tão forte?” —
“Serei breve em dizer-to” — me assevera. —

“Não lhes é dado nunca esperar morte;
É tão vil seu viver nessa desgraça,
Que invejam de outros toda e qualquer sorte.

“No mundo o nome seu não deixou traça;
A Clemência, a Justiça os desdenharam.
Mais deles não falemos: olha e passa”.

Bandeira então meus olhos divisaram,
Que, a tremular, tão rápida corria,
Que avessa a toda pausa a imaginaram.

E após, tão basta multidão seguia,
Que, destruído houvesse tanta gente
A morte, acreditado eu não teria.

Alguns já distinguira: eis, de repente,
Olhando, a sombra conheci daquele
Que a grã renúncia fez ignobilmente.

Soube logo, o que ao certo me revele,
Que era a seita das almas aviltadas,
Que os maus odeiam e que Deus repele.

Nunca tiveram vida as desgraçadas;
Sempre, nuas estando, as torturavam
De vespas e tavões as ferroadas.

Os rostos seus as lágrimas regavam,
Misturadas de sangue: aos pés caindo,
A imundos vermes o repasto davam.

De um largo rio à margem dirigindo
A vista, de almas divisei cardume.
— “Mestre, declara, aos rogos me anuindo,

“Que turba é essa” — eu disse — “e qual costume
Tanto a passar a torna pressurosa,
Se bem discirno ao duvidoso lume?” —

Tornou-me: — “Explicação minuciosa
Darei, quando tivermos atingido
Do Aqueronte a ribeira temerosa”.

Então, baixos os olhos e corrido
Fui, de importuno a culpa receando,
Té o rio, em silêncio recolhido.

Eis vejo a nós em barca se acercando,
De cãs coberto um velho — “Ó condenados,
Ai de vós! — alta grita levantando.

“O céu nunca vereis, desesperados:
Por mim à treva eterna, na outra riva,
Sereis ao fogo, ao gelo transportados.

“E tu que estás aqui, ó alma viva,
De entre estes que são mortos, já te ausenta!”
Como não lhe obedeço à voz esquiva,

“Por outra via irás” — ele acrescenta —
“Ao porto, onde acharás fácil transporte;
Lá pássaras sem barca menos lenta”. —

“Não te agastes, Caronte! Desta sorte
Se quer lá onde” — disse-lhe o meu Guia —
“Quem pode ordena. E nada mais te importe”.

Sereno, ouvido, o gesto se fazia
Da lívida lagoa ao nauta idoso,
Quem em círculos de fogo olhos volvia.

As desnudadas almas doloroso
O gesto descorou; dentes rangeram
Logo em lhe ouvindo o vozear raivoso.

Blasfemaram de Deus e maldisseram
A espécie humana, a pátria, o tempo, a origem
Da origem sua, os pais de quem nasceram.

Todas no pranto acerbo, em que se afligem,
Se acolhem juntas ao lugar tremendo,
Dos maus destinos, que se não corrigem.

Caronte, os ígneos olhos revolvendo,
Lhes acenava e a todos recebia:
Remo em punho, as tardias vai batendo.

Como no outono a rama principia
As flores a perder té ser despida,
Dando à terra o que à terra pertencia,

Assim de Adam a prole pervertida,
Da praia um após outro se enviavam,
Qual ave dos reclamos atraída.

Sobre as túrbidas águas navegavam;
E pojado não tinham no outro lado,
Mais turbas já no oposto se apinhavam.

“Aqui meu filho” — disse o Mestre amado —
“concorrem quantos há colhido a morte,
De toda a terra, tendo a Deus irado.

“O rio prontos buscam desta sorte,
De Deus tanto a justiça os punge e excita,
Tornando-se o temor anelo forte!

“Alma inocente aqui jamais transita,
E, se Caronte contra ti se assanha,
Patente a causa está, que tanto o irrita”.

Assim falava; a lúrida campanha
Tremeu e foi tão forte o movimento,
Que do medo o suor ainda me banha.

Da terra lacrimosa rompeu vento,
Que um clarão respirou avermelhado;
Tolhido então de todo o sentimento,

Caí, qual homem que é do sono entrado.


Dante Aliguieri




December 1, 2015

A Witch's Tale - Capítulo III


A WITCH'S TALE
Capítulo I | Capítulo II | Capítulo III


   - Minhas caras – sibilara Erzsébet, indiferente a mim, tal como se não houvesse notado minha presença – É chegada a hora..
Seu rosto estava banhado pela luz do luar.

   - Lucy, – eu supliquei a ela – o que significa isto tudo?
Tentei tomá-la em meus braços, - em vão - e levá-la comigo para longe daquela escurecida floresta.

   Minha esposa lançou-me um olhar profundamente cruel, e de forma violenta livrou-se de meu abraço. Balbuciou inicialmente algo que não compreendi.. mas aos poucos foi capaz de sibilar-me que e que agora seu lugar era junto àquelas feiticeiras. Mas parecia não haver sinceridade em suas palavras frias, em seu olhar lúgubre e vazio.

   Eu gritara a minha Lucy que tudo quilo era um grande absurdo, e em resposta recebi uma grande pontada de dor – era Sarah, que havia investido um violento murro contra minha cabeça.

   A partir daí, perdi meus sentidos.
Quanto despertara, estava ainda na floresta com as irmãs, mas fora amarrado em um tronco de árvore próximo a clareira onde elas se encontravam.
Amanhecia - os primeiros raios da aurora despontavam suavemente no horizonte.
Eu avistei as irmãs e minha Lucy – elas, ao verem que eu recobrara os sentidos, vieram até mim e forçaram-me a beber uma bebida misteriosa.

   Ante aos primeiros goles, senti a piores sensações possíveis – culpas, amarguras, remorsos passados.. tudo aquilo estava a fervilhar em minha cabeça, em meio a um grande emaranhado de lembranças e memórias..

   As irmãs disseram que conseguiam ver através de minha alma – conseguiram ver como através de meus olhos meus piores pecados, traições, meus maus desejos.. bem como as almas infelizes que eu havia prejudicado durante minha vida.

   Sim, irmã! Agora parece-me o momento propício para lhe confessar sobre minha natureza vil! Minha alma é desgraçada e naturalmente corrupta, manchada de crimes passados que eu acumulara durante toda a minha deturpada vida.
No entanto, Lucy sempre fora minha redenção – eu a amava, apesar de tudo, e isto fazia-me um homem melhor, creio eu.

   E tudo aquilo, sei que as irmãs conseguiram captar em mim, através daquela misteriosa feitiçaria. Sei que este relato parece fruto de uma mente insana, mas novamente ei de lhe confirmar, irmã: eu sei o que vi!

   Sarah então desatou as cordas que me prendiam.

   Em seguida, eu caminhara até Lucy, com os mais pesados sentimentos a demolir minha alma.
Ela sem dúvida não era a mesma, algo havia mudado em seus olhos, em seu semblante que outrora fora plenamente amável, e ora estava taciturno e sombrio.

   Seus olhar denotava absoluta fúria.
E tudo o que ocorreu em seguida, cara irmã, fora tão rápido, e mal posso crer que realmente aconteceu!
   Lucy investiu um punhal contra o dorso de minha barriga; sua força agora era sobrenaturalmente maior, de modo que assustou-me em demasia. O golpe, apesar de brutalmente desferido, não havia-me sido fatal.

   Então, sem pensar, - em um momento de total insanidade e descontrole - saquei minha adaga e cravei-a em seu coração!
Lucy gritara de dor.
Seu corpo desabou, inerte, ante a meus pés.

   Ao ver o que acabara de fazer, eu desatara em lagrimas.
Minhas mãos estavam manchadas de sangue – “O sangue de minha amada!” – Estremeci.
Deitei-me, juntamente a Lucy, no chão.
Segurei seu mão sem vida, encarei seu olhar vidrado – e não, eu não podia crer no que acabara de fazer.

   Olhei para as irmãs. Elas pareciam quase que indiferentes quanto ao ocorrido.
Então foram caminhando através da névoa da madrugada, até se desvanecerem completamente através do horizonte..
Eu as observava de longe as três silhuetas se afastando..
Logo, as lado delas, observei que as poucos foi surgindo uma quarta, a acompanhá-las.
Bem, depois de tudo o que vi até então, por que não acreditaria em fatos de natureza sobrenatural? Por que não acreditaria que esta quarta silhueta que eu avistei ao longe era o espectro de minha pobre Lucy?

   E eu continuava deitado com seu corpo absolutamente imóvel. Segurei-a em meus braços, ainda a chorar amargamente.

   Minha cara irmã, agora sabe que sou um homem condenado, nada mais que um assassino.
De modo algum me procure!
Estarei a vagar, errante, por estas terras nefastas, a procurar por redenção.. embora sei que nunca perdoarei-me pelo que fiz, e minha alma jamais encontrará paz novamente.

   Sim! Continuarei a vagar por estas terras por tempo indeterminado, com meu espírito envolvo no mais absoluto desalento.. Nestas terras onde, nos tempos remotos, as pessoas acreditavam em bruxas.


De seu afetuoso irmão, 
Willian Blanchard


FIM
by Vane


E hoje finalmente publico a última parte de A Witch's Tale, conto que comecei a muitas semanas atrás, e enfim encontrei algum tempo para finalizá-lo. Os links para os capítulos anteriores estão inseridos no início do post. :)

Lembrando que o conto é baseado nesta maravilhosa música.

Uma boa semana a todos!



September 8, 2015

A Witch's Tale - Capítulo II


A WITCH'S TALE
Capítulo I | Capítulo II | Capítulo III


Para Lady Blanchard, Inglaterra
02 de Novembro de 1891

   Cara irmã, temo ter más notícias a lhe relatar.
Sou um homem condenado! Acabo de descobrir minha brutal natureza, que veio a mim mesmo surpreender.

   O que lhe contarei agora, com grande pesar, a fará talvez compreender os atos terríveis que cometi em meu último dia de estadia na tempestuosa Salém.

   Como deve recordar-se, eu havia prometido a mim mesmo enfrentar as mulheres misteriosas que ofereceram uma bebida suspeita a minha Lucy, e assim o fiz; enquanto minha mulher jazia doente em sua cama, parti, armado com uma adaga - afinal eu não sabia exatamente a natureza daquelas estranhas com as quais estava lidando. 

   Então, na manhã que se sucedeu aos fatos que marcaram minha chegada a esta cidade, despertei decidido a me reencontrar com elas, e lividamente caminhei em direção ao local onde tudo ocorrera naquele dia. Encontrei o local com a porta aberta, e adentrei-o; mas aparentemente estava vazio.. Chamei-as, mas não obtive resposta.

   Logo atrás da velha moradia das irmãs, avistei  um jardim, pequeno e dotado de uma beleza singular, bonito e soturno; pequenos animais viviam lá, entre as sombras de plantas exóticas e belas, bem como dos frutos e flores silvestres, e da a hera que crescia irregular por todos os lados.

   Ao sentir o docílimo perfume que vinha dali, comecei a sentir uma certa tontura, e tudo  aminha volta havia mudado: o pequeno jardim permanecia lá, mas agora eu não mais estava no cenário inicial, nas ruas de Salém; era noite, e ora encontrava-me em uma floresta escurecida.. Creio que, quase sem perceber, tal como em meio a um devaneio eu havia caminhado em direção a tal floresta que ora me encontrava. Já era noite, e a única luz que me guiava provinha de um pálido luar, que se estendia sobre as árvores e todo o caminho a minha frente, quase que completamente enegrecido pelas sombras.

   Sim, irmã! Sei que, ao ler este relato, certamente está a duvidar de minha sanidade, mas posso lhe jurar que tudo o que estou a lhe relatar fora real.. Eu sei o que vi!

   Ao caminhar pelo bosque, apavorado – naturalmente, como qualquer um estaria em tal situação -, e logo avistei de longe uma clareira entre as arvores, em meio ao breu da floresta.. A luz provinha de uma fogueira que fora acendida. Ao redor dela, vi os vultos de quatro figuras dançarem.

   Aquela visão encheu-me e pavor, de modo que não permitiria, de modo algum, que tais criaturas me vissem; assim fui me aproximando sorrateiramente, me escondendo atrás das árvores, para que elas não pudessem perceber minha presença. 

   Em dado momento eu havia chegado realmente perto, e pude perceber quem eram: as três mulheres, e dentre elas também estava minha Lucy! Aquilo fora um grande sobressalto, e o medo havia tomado conta de mim. 

   No instante seguinte, elas cessaram a dança, e olharam fixamente na direção na qual eu me encontrava.
   Sarah sorriu – e em seu sorriso, tinha algo de maligno.

   - Revele-se! – bradou ela – Quem quer que seja!
   Agora, a certeza que elas haviam notado minha presença era absoluta.

   Ainda temeroso, senti um pequeno alívio ao me certificar que minha afiada adaga ainda encontrava-se em meu bolso. Em seguida, tomado por uma súbita coragem, deixei meu esconderijo entre as árvores e apresentei-me as irmãs.
   Lucy encarou-me; não parecia estar surpresa, a propósito não demonstrara reação alguma.

   Algo em seus olhos havia mudado.


(continua...)


by Vane

August 6, 2015

Música: Chelsea Wolfe


Como faz muito tempo que não faço uma post falando sobre música (acho que estes são os posts mais raros por aqui, rs), queria compartilhar aqui uma recente descoberta musical minha: Chelsea Wolfe. :)


 Chelsea Wolfe é uma cantora norte-americana; seu som pode ser definido como drone-metal art-folk, estilo que caracteriza-se por tocar guitarra experimental complementado por sons e atmosfera surreais. Sua sonoridade tem influências de diversos gêneros musicais, tal como o folk, o eletrônico, o metal e o indie rock. Seu primeiro álbum de estúdio, The Grime and the Glow, foi lançado em 2010.
 O que me atrai no som da cantora me questão é justamente a originalidade que existe nesta mistura de uma sonoridade mais experimental com sua voz angelical e nebulosa - sonoridade tal, que possibilita um conexão com a atmosfera singular de suas músicas.. Seu som é tão único, não conheço artistas similares (a não ser, talvez, :LOR3L3I:,.. )
 Em suma, eu recomendo-a muito! Sobetudo o álbum Pain Is Beauty (de 2013), meu favorito.
 Algumas músicas:






 Espero que tenham gostado :)
 Uma boa semana a todos..

July 10, 2015

A Witch's Tale - Capítulo I

Hoje postarei aqui o primeiro capítulo de um conto que comecei a escrever a alguns dias.. Estou escrevendo com o intuito de esmerar minha escrita, mesmo objetivo do outro conto que outrora publiquei aqui. Como puderam perceber pelo título, a temática fará referência a bruxas e ao ocultismo (embora meu conhecimento sobre este último não seja tão extenso..)
Pretendo em breve escrever mais dois capítulos. :)


A WITCH'S TALE
Capítulo I | Capítulo II | Capítulo III


Para Lady Blanchard, Inglaterra
31 de Outubro de 1891

   Cara irmã, venho por esta carta relatar as desventuras pelas quais passei em minha última semana de estadia no tempestuoso Condado de Essex.
   Minha curta passagem por estas terras americanas foram, devo dizer, marcadas por coisas que arrepiaram-me até a alma!
   Hoje cheguei na cidade de Salém, e devo dizer que minha primeira impressão de tal localidade havia sido a mais funesta possível, por conta dos acontecimentos que marcaram minha chegada à mesma.

   Eu e Lucy havíamos nos hospedado em um hotel cujo aspecto não era dos mais agradáveis, mas infelizmente era o único alojamento que conseguimos pagar com nossas parcas economias.
   Devo confessar, cara irmã, que não tinha o mesmo otimismo de Lucy em relação à tudo. Em meu coração havia insegurança embora tudo estivesse aparentemente bem, e meu sexto sentido dizia-me que devia me afastar deste local submerso a cinzas e silêncio.

   Eis o sinistro acontecimento que marcou nosso primeiro dia aqui: estávamos a caminhar através das nevoentas vielas quase desertas do vilarejo, objetivando encontrar alguém que pudesse dar-nos mais informações sobre o local, quando deparamos, através da névoa, com uma jovem mulher trajando vestes negras que circundava um velho chalé; como até então não havíamos encontrado ninguém, a não ser a velha senhora dona do hotel e sua camareira, resolvemos ter com ela, mesmo que em seu semblante não houvesse nada de convidativo.

   Então fomos nos aproximando, embora a densa névoa turvasse nossas visões; conforme avançávamos, percebemos que o chalé ia adquirindo um aspecto diferente, mais escurecido e funesto.

   - Não se aproximem, é magia negra... é uma ilusão! – Gritou-nos a dona do hotel, de sua janela. Eu ri, certo de que o isolamento naquela tempestuosa e quase deserta cidade havia lhe afetado a cabeça. E prosseguimos.

   Chegamos àquela velha morada, e fomos recebidos pela jovem que havíamos avistado. Ao adentrar o local, demos pela presença de mais duas mulheres, um tanto mais velhas que a primeira; a casa, apesar de rústica, era muito apresentável: o fogo ardia numa grande lareira, e a mesa havia sido colocada. Serviram-nos uma bebida com um gosto um tanto peculiar.

   - Sejam bem-vindos a nosso lar!  - disse a mais velha delas, que havia se apresentado como Erzsébet. As três mulheres eram irmãs, e possuím idades distintas; eram de compleições medianas, e tinham suas peles muito pálidas. A mais jovem, Agnes, era delicada e um tanto franzina. A outra irmã chamava-se Sarah, e era a mais bela das três.  

   O diálogo que se seguiu, infelizmente não poderei narrar em detalhes, pois não consigo lembrar, em razão de um fato muito estranho que seguiu-se: eu e Lucy entramos em uma espécie de transe, e, enquanto ouvíamos as estridentes gargalhadas das três mulheres, perdemos nossos sentidos, e tudo ao nosso redor havia tornado-se escuro aos poucos...
   Despertamos no quarto que estávamos alojados no antigo hotel, e naquele momento havíamos ficado realmente em dúvida se os acontecimentos do dia anterior realmente haviam acontecido, ou não.
   Mas não tivemos mais dúvidas que que tudo fora real quando a camareira entrou no quarto muito aflita, a dizer-nos:
   - Caro Lord Blanchard! Encontrei o senhor e senhora sua esposa num estado deplorável, em meio ao breu da noite! Tratei logo de trazê-los para dentro. O que houve? – E diante de tal interrogativa, não pude respondê-la, de tal forma confuso que estava.

   Eu sinto-me bastante lúcido, mas Lucy parece ter entrado em um profundo devaneio, e diz que vê demônios dançarem ante a seus olhos. 
   - É bruxaria – ela chora. – Aquela bebida...
   Minha esposa parece estar ficando seriamente enferma, e perdendo aos poucos a sanidade. Há cerca de alguns dias atrás, caiu de febre e está a lamuriar coisas sem sentido. Em meio a tal situação: tomei a decisão drástica de revisitar as estranhas mulheres que julgo culpadas pelo péssimo estado de Lucy. 

   Em breve, minha irmã, volto a lhe escrever, relatando se obtive sucesso em minha missão!


De seu afetuoso irmão, 
Willian Blanchard



by Vane


E este foi o primeiro capítulo.. deixem suas opiniões, críticas e sugestões! Em breve postarei o próximo capítulo.
p.s.: O conto é baseado na música Ballad of the Weird Sisters da banda Blood Ceremony.


July 1, 2015

O arco de Nemrod

"O arco de Nemrod é o arco da guerra.
Mas o arco do Amor é o da felicidade:
Contigo o tens, Princesa. E, na verdade,
E por isso que o Amor domina toda a terra.
A princesa de Babilônia
De três gloriosos reis, cada qual se presume
Ser afinal teu único e ditoso rei.
A quem escolherás, Princesa? Apenas sei
Que o universo inteiro há de sentir-lhe ciúme." 

- Voltaire, em A Princesa da Babilônia



Tive de compartilhar aqui este fragmento desta obra sublime de Voltaire..
Uma boa semana a todos!

June 5, 2015

A Uma Rosa

“In the meadow of sinful thoughts, every flower's a perfect one” 
- Nightwish



Ó doce cálice de singela beleza,
Cujas pétalas de rubro veludo, cálidas pendem 
E que a mais suave brisa faz vibrar tal pureza
Que teu caule suspende,

Rosa dos meus sonhos, que ora murchais
Tu foras colhida ainda muito viçosa,
Mesmo que teu encanto, dia após dia se esvai
Em minha lembrança ainda és majestosa.

Ó rosa que em mim germinou e cresceu!
Tu simbolizas meu mais rubro amor,
Que em meu coração outrora floresceu,

Teu encanto e beleza, o tempo fenece;
Mas outrora resplandecera com ardor,
E assim, em minha memória permanece.

by Vane






June 4, 2015

Incentive




"How can we conduct

symphonies of our destruction 

without having a clue 
how to interpret the darkest notes?" 

Epica - Incentive ♫ ♪ 


May 17, 2015

Solidão - Cecília Meireles

Solidão

Imensas noites de Inverno,
com frias montanhas mudas,
é o mar negro, mais eterno,
mais terrível, mais profundo.
Este rugido das águas
é uma tristeza sem forma
sobe rochas, desce fráguas
vem para o mundo e retorna...

E a névoa desmancha os astros,
e o vento gira as areias
nem pelo chão ficam rastos
nem pelo silêncio estrelas

A noite fecha seus lábios
- terra e céu - guardado nome.
E os seus longos sonhos sábios
geram a vida dos homens.

Geram os olhos incertos,
por onde descem os rios
que andam nos campos abertos
da claridade do dia.

Cecília Meireles

Imagem de girl, victorian, and woman

Hoje compartilho aqui este poema de Cecília Meireles, uma das mais sublimes poetisas brasileiras.
Tais tocantes versos fazem-me confirmar que de sentimentos lúgubres faz-se o tipo mais terno e profundo de Poesia..

Uma boa semana a todos! Abraços..








May 4, 2015

Ao Poeta

Ó Poeta! Acaso teus versos escreves,
Com o intuito de tua alma se elevar.
Mesmo quando tuas dores em versos descreves,
Para que tuas palavras o venham acalentar?

Em versos eterniza teus cantos
A elevar as belezas mais singelas:
Porventura o mundo não deturpou tais encantos
Que provém das coisas clamadas belas?

Não calas, Poeta, perante o enleio
Das dores que a vida consome-nos,
Fazendo teu canto gelar-te em teu seio?

Ó Poeta! Acaso toda esta tua dor
Converter-se-á em belíssimos versos
Escritos com lágrimas de amor?

by Vane

Imagem de rose and book


Minha sutil homenagem à Poesia, uma das mais belas expressões de Arte, em minha opinião..

Uma boa semana a todos!
Abraços

May 1, 2015

Inspiração: Ayami Kojima

 Como faz bastante tempo que não posto uma inspiração de design aqui em meu blog (há cerca de 10 meses, para ser mais precisa) e também porque queria variar o conteúdo daqui um pouco, hoje apresentarei aqui o trabalho artístico de uma excelente ilustradora que descobri recentemente, enquanto buscava por inspiração artística no Pinterest: Ayami Kojima.
 Ayami Kojima é uma ilustradora e artista conceitual japonesa que é mais conhecida pelo seu trabalho na série de videogame Castlevania, da Konami. Em suas obras, que na maioria das vezes apresentam temáticas sombrias e grotescas, a artista cria belíssimos e surreais cenários. Trabalha com ilustrações e colagens, e algumas das técnicas que mais utiliza são tinta acrílica e nanquim.
 O que me chamou atenção em seu trabalho foi a riqueza de detalhes e a criatividade de suas ilustrações, e claro, a dualidade presente em muitas de suas artes: vida e morte, luz e sombras, etc; e também por apresentar traços típicos dos quadrinhos japoneses, os mangás - um estilo no qual eu gosto muito de desenhar, e em suas obras acabei encontrando muita inspiração.




Espero que tenham gostado :)
Bjs

April 18, 2015

A Dor não tem máscaras.

"Por trás da Alegria e do Riso, pode haver um temperamento vulgar, duro e insensível. Mas, por trás do Sofrimento, há sempre Sofrimento. Ao contrário do Prazer, a Dor não tem máscaras. A verdade na Arte não é uma correspondência entre a ideia essencial e a existência acidental; não é uma semelhança de forma e sombra, ou de forma espelhada no cristal à própria forma; não é um eco que vem de um campo vazio, tal como não é o poço de água prateada existente no vale que mostra a Lua à Lua e Narciso a Narciso. A Verdade na Arte é a unidade da coisa consigo mesma; o exterior tornado expressivo do interior; a alma encarnada; a união do corpo com o espírito. Por esta razão, não há verdade que se compare com o Sofrimento. Às vezes, o Sofrimento parece-me ser a única verdade. Outras coisas podem ser ilusões dos olhos ou do apetite, feitas para cegar um e saciar o outro, mas foi do Sofrimento que as palavras foram feitas, e há dor no nascimento de uma criança ou de uma estrela."

- Oscar Wilde, em De Profundis



Hoje compartilho novamente um fragmento de Oscar Wilde.. estava a ler De Profundis e achei este trecho muitíssimo inspirador. Tive que compartilhá-lo aqui!

Um bom fim de semana a todos. :)

April 2, 2015

In my darkest dreams II

Meu doce amor, como poderia esquecer
De sua voz tão suave ressonando ao vento
Afastando-me das trevas e do desalento,
Tal como o sol anunciando um novo amanhecer?

Em ti, tal acalento pude encontrar,
Assim despertando de meus sonhos mais obscuros,
E afastando meus pesares taciturnos e escuros,
Os quais estavam minh'alma a desolar.

Tal como sonhos que se esvaem ao alvorecer da aurora,
Assim se desvaneceram minhas sombras de outrora;
Hei de os mistérios do Amor desvendar,

Isto que une nossos espíritos em plenitude,
Um sentimento tão belo, a mais tenra humana virtude
Que para uma verdadeira vida, faz-nos despertar.

by Vane

Imagem de flowers, dark, and grunge

 Esse poema é uma releitura do primeiro poema que publiquei aqui (em 2012), que leva o mesmo nome de meu blog, 'In my darkest dreams'.
 Bom feriado a todos! Abraços..   




March 15, 2015

O Espectro da Rosa - Théophile Gautier

O Espectro da Rosa

Levanta a tua pálpebra fechada
Tocada por um sonho virginal!
Eu sou o espectro de uma rosa
Que tu, no baile, usaste na noite passada.
Tu me colheste ainda com pérolas,
Do chuveiro de prata refrescada,
E entre a festa estrelada
Tu me passeaste toda a noite.

Ó tu que da minha morte foste a causa,

Sem que tu possas escapar,
Todas as noites o meu espectro se levantará
E à cabeceira da tua cama virá dançar.
Mas nada receeis, eu não reclamo
Nem missa nem De Profundis,
Esta fragrância é a minha alma
E eu venho do Paraíso.

O meu destino foi digno de inveja,

E para ter uma sorte tão bela
Muitos teriam dado a sua vida,
Porque sobre o teu seio eu tenho o meu Túmulo
E sobre o alabastro onde eu repouso,
Um poeta, com um beijo,
Escreveu: "Aqui jaz uma rosa,
Que todos os reis vão invejar: 

Théophile Gautier

Detail from a portrait of Marie-Joséphine-Louise de Savoie, comtesse de Provence after François-Hubert Drouais. 18th century.:
Retrato de Marie-Joséphine-Louise de Savoie (detalhe), por François-Hubert Drouais


Hoje posto aqui este belo poema de Théophile Gautier (poeta frencês do século XIX). 
A tradução é de Maria de Nazaré Fonseca.

Uma boa semana a todos!


February 28, 2015

Vampire Heart - Capítulo III

VAMPIRE HEART
Capítulo I | Capítulo II | Capítulo III


    - Estava em seu aguardo, Vincent – disse-me ela, estendendo em minha direção um cálice que continha um líquido vermelho escuro.

   Tentei recuar, mas algo que nela havia fez-me aceitar o que me oferecia.. Seus olhos me enfeitiçavam. 


   Bebi um gole daquela substância. Ela continuou:

   - Sim, seu pesadelo fora real! Bem-vindo ao meu reino, ao qual você há de adentrar agora.

   Naquele instante, não consegui me mover: meus movimentos estavam paralisados. Ela aproximou-se, fitando-me profundamente; e como um animal selvagem, ela então me atacou, dilacerando-me ainda mais de como fizera antes. Senti uma agonizante dor, e logo em seguida uma onda de calor percorreu meu corpo. Era seu sangue, sua essência da qual eu havia provado e ora jorrava também em mim. 


   Em seguida, uma estarrecedora sede invadiu-me; sem pensar, apoderei-me do corpo de Élise, com o cálido ardor de um amante; e então comecei a sugar seu sangue.


   Meus sentidos se confundiram completamente.. Uma agonia vital e estranha veio a mim. Uma vez que minha sede estava saciada, tudo à minha volta volveu-se em trevas. O que viera a seguir era foi a Morte, a consumir-me, porém, sem findar minha essência: ainda não era o fim.


   Após de tal forma morrer, acordei no interior de uma cripta oculta no interior daquela gélida montanha. Mesmo estando morto, uma centelha de vida corria por minhas veias! 


   - O que, afinal, tornei-me? – indaguei.


   Posteriormente, Élise veio a esclarecer minhas aterradoras dúvidas, e finalmente compreendi minha nova essência. Ela não me explicara com clareza os motivos pelos quais havia arrebatado minha vida humana, para depois conceder-me tal existência eterna, mas depois compreendi que ela vinha observando-me há tempos, fascinada por minha natureza consciente e indagadora – eu era como uma alma viva entre uma multidão de almas mortas, - segundo ela, - e por tal razão, assim eu devia permanecer para todo o sempre: vivo! 


   Dessa forma, com seu auxílio, através das primeiras décadas de minha imortalidade pude compreender mais profundamente a natureza humana: todas as suas virtudes, bem como seus vícios. Algumas coisas deixavam-me perplexo, e outras, por um breve período, me fascinaram em sua plenitude.

   Minha observação concentrou-se, sobretudo, em torno das raízes do mal -  veneno impregnado desde os primórdios em todo espírito humano, o qual, desde então, eu vinha buscando compreender. 

   Em dado momento, quando adquiri finalmente consciência de minha própria natureza, horrorizei-me; então meu ódio voltou-se contra minha criadora, Élise. Cego por tal ódio mortal, eu abandonei-a; desde então, tenho vivido só através das décadas que vieram a seguir, apenas em companhia de meus taciturnos pensamentos e memórias.




   Ora contemplo meu relato, absorto em meio às mais amargas reflexões; como havia contado previamente, através do tempo observei mais profundamente a Humanidade e adquiri uma grande aversão à mesma. Mas, por ironia do destino, meu ódio voltou-se para mim mesmo com maior intensidade. Sim! Quando afinal dei-me conta plenamente de minha monstruosidade, horrorizei-me para com minha própria vil natureza.


   Uma vez terminado de relatar-lhe minhas memórias, eu as confinarei a um lugar onde espero que minha cara Élise encontrará.. 

   E assim compreenda os motivos pelos quais decidi findar a centelha de vida que faz-me permanecer vivo.

   Agora que estou a terminar minha história, caro leitor, pretendo ir ao encontro da Morte - e desta vez, a Morte definitiva, que concede-nos o sono eterno - , cravando uma adaga em meu próprio coração, pois o mesmo ora é vazio, e incapaz de sentir qualquer coisa, senão repulsa por mim mesmo. 

   Aqui deixo minhas memórias, escritas com sangue, elixir da vida de uma vil criatura que teme sua própria existência.


FIM
by Vane



 E assim eu termino o meu primeiro conto! 
 Talvez ele tenha deixado um pouco a desejar por eu não ter muita experiência em escrever contos..  Mas de qualquer forma assim eu vou melhorando minha escrita aos poucos, conforme eu disse no post do capítulo I.
 p.s.: Links para os capítulos anteriores: aqui e aqui.

 Agradeço aos que acompanharam :)
 Abraços

February 26, 2015

La Ballade of Lady and Bird



"A infância não vai do nascimento até certa idade, 
e a certa altura a criança está crescida, 
deixando de lado as coisas de criança. 
A infância é o reino onde ninguém morre."

- Edna Sr. Vincente Millay




"BIRD: LADY?...

Lady: Sim, Bird?
Bird: Está frio...
Lady: Eu sei.
Lady: Bird... Eu não consigo ver nada.
Bird: Está tudo em sua cabeça.
Lady: Estou preocupada...
Bird: Ninguém virá nos ver?
Lady: Talvez eles venham mas nós simplesmente não conseguiremos vê-los. O que você vê?
Bird: Eu vejo o que está lá fora.
Lady: E o que exatamente está lá fora?
Bird: São os crescidos.
Lady: Bom, talvez se nós gritarmos eles possam nos ouvir...
Bird: Sim, talvez devêssemos tentar gritar!
Lady: Ok, Bird!
Lady e Bird: Socooooorro, Socooooorro! Conseguem nos ouvir? Alô! Socorro! Olá sou eu! Hey! Você pode ver? Você pode me ver? Eu estou aqui... Nana venha e nos pegue! Olá! Você está ai? Alô?
Lady: Eu não acho que eles podem nos ouvir...
Bird: Eu posso te ouvir, Lady... Você quer vir comigo?
Lady: Você será legal comigo, Bird.
Lady: Você é sempre legal comigo porque você é meu amigo.
Bird: Eu tento, mas as vezes cometo erros.
Lady: Nana disse que todos nós cometemos erros...
Bird: Talvez nós devêssemos gritar mais.
Lady: Sim, Bird, vamos gritar mais!
Lady e Bird: Socorro! Nos ajude! Por favor! Socorro... Socorro! Socorro! Olá! Nós estamos perdidos...
Lady: Eu não acho que eles consigam nos ver.
Bird: Ninguém gosta de nós...
Lady: Mas todos eles parecem tão grandes!
Bird: Talvez nós só devêssemos pular.
Lady: Mas se nós cairmos além da ponte então ninguém poderá nos pegar.
Bird: Eu não sei, vamos apenas ver o que acontece.
Lady: Okay!
Bird: Venha comigo!
Lady: Devemos ir juntos.
Bird: Sim!
Lady e Bird: 1, 2, 3,... Aaaaaaaah!
Bird: Lady?
Lady: Sim, Bird?
Bird: Está frio...
Lady: Eu sei.
Lady: Bird... eu não consigo ver nada.
Bird: Está tudo em sua cabeça..."



Lady & Bird - La Ballade of Lady and Bird ♫ ♪