January 30, 2015

Vampire Heart - Capítulo I


Há alguns dias atrás decidi dedicar-me a escrever um conto, com a finalidade de treinar minha escrita e melhorá-la com o tempo. Hoje postarei aqui o primeiro capítulo (e pretendo escrever mais dois); a temática abordada, como já puderam perceber pelo título, é sobre vampiros. Espero que gostem :)


VAMPIRE HEART
Capítulo I | Capítulo II | Capítulo III


Hoping through the wonders of makeup and contacts I can do my eyes like this for Halloween. #creepy
   Cá estou eu novamente, a consumir as intermináveis horas de meu dia em meio a pensamentos lúgubres e envenenados por angústias passadas. A Eternidade se estende à minha frente, tal como se o Tempo houvesse se paralisado apenas para mim; através das últimas décadas de minha vil existência, comecei a ver o mundo e os seres humanos com outros olhos- e tal deturpada visão fizera-me desejar a Morte, tal era minha crescente repulsa que sentia por tais seres, e por tudo o mais que existia.

   Outrora desejava ardosamente que se desvanecessem para sempre todas as coisas deste mundo doentio, inclusive a mim, criatura da noite subjugada a viver eternamente em suas sombras, e desprovida de quaisquer sentimentos senão minha constante sede por sangue. Amaldiçoei tantas vezes tal destino, mas por fim acabara aceitando meu fardo. Há tempos já não sentira mais remorso em matar.. e este acontecimento que lhes narrarei descreve como me tornei o que sou hoje, um vampiro.


   Os fatos que ora lhes relato ocorreram em uma gélida noite de Inverno, há muitas luas atrás.




   Era início de dezembro, e os primeiros flocos de neve começavam a cair do céu. Estava descansando ao ar livre, no fim de uma tarde, próximo a uma conhecida catedral de Barcelona.
   Dedicava-me a contemplar uma série de pinturas de Francisco de Goya, denominada Los caprichos.
As horas corriam.. Quando dei por mim, a noite já encobria lentamente o dia, até findar toda a luz em seu manto escurecido. Estava a refazer o caminho de volta para casa, enquanto refletia sobre uma gravura de Goya cuja legenda havia me chamado a atenção: O sono da razão produz monstros
   Afinal, - indaguei - O que faz um homem perder a razão?

   Enquanto caminhava, estando absorto em meus pensamentos, em dado instante tive a sensação de estar sendo observado.

   Comecei a sentir-me desconfortável e a apressar meus passos; foi quando me deparei com um par de olhos brilhantes que me fitavam ao longe, em meio ao nevoeiro e ao breu da noite.
   Naquele breve momento, aqueles olhos, negros como furnas do inferno , pareciam ter visto através de minha alma; meu temor veio de maneira súbita, de modo que realmente me surpreendeu, pois eu nunca havia me sentido de tal forma antes: Um medo mortal se alastrou por todo o meu corpo.
   Tal pavor paralisou-me, de modo que não fui capaz de fugir, e realmente não sabia que forças ocultas haviam me impelido de escapar. Tentei gritar com todas as minhas forças, mas minha voz pareceu apenas um sussurro abafado em meio àquela escuridão desoladora.

   Com todas as forças que ainda me restavam, olhei novamente para a face de quem (ou daquilo) que havia me amedrontado em tal intensidade.

   Era uma mulher.
   Ela era belíssima, mas em seu semblante havia algo que era, sem dúvida, de natureza sobrenatural.

   - Não tema - ela disse-me, estendendo-me sua mão.


   Ainda temeroso, fui estendendo minha mão em sua direção de forma relutante.. antes ainda de tocá-la, recordo-me que tudo à minha volta foi se desvanecendo aos poucos, e eu observava meu próprio corpo ir sumindo conquanto ia dividindo-se em pequenas partículas que evaporaram. Eu gritara, e dessa vez meu grito fora bastante forte e audível..

   Quando recuperei minha consciência, estava deitado de bruços no chão. Naquele momento, tentei convencer-me de que aquilo que se passou na noite anterior fora apenas um sonho, mas o lugar onde ora me encontrava não deixava-me dúvidas sobre o que havia acontecido. Vi meu reflexo no chão completamente ensanguentado, e minha expressão converteu-se em absoluto terror.

   O sono da razão produz monstros.

   A citação de Goya veio à tona em minha mente, naquele instante. Seriam as visões que tivera parte da realidade, ou meros produtos de uma mente insana? Bem, agora já sabem a resposta.. meu pesadelo era dolorosamente real! Mal sabia eu o que estava por vir..

by Vane


E este é o primeiro capítulo.. deixem suas opiniões, críticas e sugestões :) Em breve postarei o próximo capítulo.
p.s.: O título do conto é inspirado na música homônima do HIM.
p.s. 2: Para quem quiser conferir a série de pinturas de Goya às quais fiz referência, clique aqui.


January 19, 2015

O Jardim da Morte

"Os olhos de Virgínia velaram-se de lágrimas e ela escondeu o rosto nas mãos.
- Você está falando do Jardim da Morte - murmurou.
- Sim, Morte. A morte deve ser tão bela. Repousar na terra doce e escura, tendo as ervas a ondular por cima de nós, e escutar o silêncio. Olvidar o tempo, perdoar a vida, descansar em paz.
Podes me ajudar! Sim. Podes me abrir os portais da mansão da Morte, porque o Amor está sempre contigo. O Amor é mais forte do que a Morte.
Virgínia pôs-se a tremer; percorreu-a toda um frêmito; durante momentos, fez-se silêncio.
Sentia-se como se estivesse em um pesadelo. O fantasma voltou, então, a falar e sua voz ressoava um suspiro do vento. "

- Oscar Wilde, em O Fantasma de Canterville




 Este belíssimo fragmento é do livro O Fantasma de Canterville, de Oscar Wilde. Foi o primeiro livro que li deste brilhante autor, há muitos anos atrás.. E sempre me recordo desta parte, que é um dos diálogos mais inspiradores que já li em um livro!

Uma boa semana a todos :)

January 5, 2015

Para o meu amor.

O quão cálida é a lágrima que desliza sob minha face
Aquecendo meu coração das angústias que o vem acalentar...
Meu querido amor, não posso sepultar a ideia infame
que sou incapaz de verdadeiramente amar.

Há de chegar o dia em que poderei eu entoar
Em teus braços tão gentis e cândidos,
o recorrente hino que os músicos e poetas cantam:
 o Amor, o cântico dos cânticos.

Mas em mim resta somente uma centelha da chama
que outrora ardera em caloroso fulgor.
Agora restam-me apenas suas frias cinzas:
Tudo que poderias ser, a sombra de seu amor.

Mas eu já não sou forte o bastante para afastar-me de ti.
Talvez apenas os fracos desconheçam a solidão..
Porquanto o Amor é o veneno da vida,
Tal qual envenenou meu solitário coração.

by Vane





Now all is dressed in cold desire
And i loved you so
So set this world on fire.. ♪