August 29, 2014

The Seventh Seal



Antonius: Quero confessar com sinceridade, mas meu coração está vazio. O vazio é um espelho que reflete no meu rosto. Vejo minha própria imagem e sinto repugnância e medo. Pela indiferença ao próximo, fui rejeitado por ele. Vivo num mundo assombrado, fechado em minhas fantasias.

Morte: Agora quer morrer?

Antonius: Sim, eu quero.

Morte: E pelo que espera?

Antonius: Pelo conhecimento.

Morte: Quer garantias?

Antonius: Chame como quiser. É tão inconcebível tentar compreender Deus? Por que Ele se esconde em promessas e milagres que não vemos? Como podemos ter fé se não temos fé em nós mesmos? O que acontecerá com aqueles que não querem ter fé ou não têm? Por que não posso tirá-lo de dentro de mim? Por que Ele vive em mim de uma forma humilhante apesar de amaldiçoá-lO e tentar tirá-lO do meu coração? Por que, apesar de Ele ser uma falsa realidade eu não consigo ficar livre? Você me ouviu?

Morte: Sim, ouvi.

Antonius: Quero conhecimento, não fé ou presunção. Quero que Deus estenda as mãos para mim, que mostre Seus rosto, que fale comigo.

Morte: Mas ele fica em silêncio.

Antonius: Eu O chamo no escuro mas parece que ninguém me ouve.

Morte: Talvez não haja ninguém.

Antonius: A vida é um horror. Ninguém consegue conviver com a morte e na ignorância de tudo.

Morte: As pessoas quase nunca pensam na morte.

Antonius: Mas um dia terão de olhar para a escuridão.

Morte: Sim, um dia.

Antonius: Eu entendo. Temos de imaginar como é o medo e chamar essa imagem de Deus.
(…)




Este diálogo pode ser encontrado no filme O Sétimo Selo (1957).
Achei-o tão inspirador.. precisei compartilhar aqui!

Um ótimo fim de semana a todos..
Bjs


August 9, 2014

Cárcere das Almas - Cruz e Sousa

Cárcere das Almas

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza

Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas

Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,

que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!

Cruz e Sousa




Um bom final de semana a todos!
Bjs