A WITCH'S TALE
Capítulo I | Capítulo II | Capítulo III
Para Lady Blanchard, Inglaterra
02 de Novembro de 1891
Cara irmã, temo ter más notícias a lhe relatar.
Sou um homem condenado! Acabo de descobrir minha brutal natureza, que veio a mim mesmo surpreender.
O que lhe contarei agora, com grande pesar, a fará talvez compreender os atos terríveis que cometi em meu último dia de estadia na tempestuosa Salém.
Como deve recordar-se, eu havia prometido a mim mesmo enfrentar as mulheres misteriosas que ofereceram uma bebida suspeita a minha Lucy, e assim o fiz; enquanto minha mulher jazia doente em sua cama, parti, armado com uma adaga - afinal eu não sabia exatamente a natureza daquelas estranhas com as quais estava lidando.
Então, na manhã que se sucedeu aos fatos que marcaram minha chegada a esta cidade, despertei decidido a me reencontrar com elas, e lividamente caminhei em direção ao local onde tudo ocorrera naquele dia. Encontrei o local com a porta aberta, e adentrei-o; mas aparentemente estava vazio.. Chamei-as, mas não obtive resposta.
Logo atrás da velha moradia das irmãs, avistei um jardim, pequeno e dotado de uma beleza singular, bonito e soturno; pequenos animais viviam lá, entre as sombras de plantas exóticas e belas, bem como dos frutos e flores silvestres, e da a hera que crescia irregular por todos os lados.
Ao sentir o docílimo perfume que vinha dali, comecei a sentir uma certa tontura, e tudo aminha volta havia mudado: o pequeno jardim permanecia lá, mas agora eu não mais estava no cenário inicial, nas ruas de Salém; era noite, e ora encontrava-me em uma floresta escurecida.. Creio que, quase sem perceber, tal como em meio a um devaneio eu havia caminhado em direção a tal floresta que ora me encontrava. Já era noite, e a única luz que me guiava provinha de um pálido luar, que se estendia sobre as árvores e todo o caminho a minha frente, quase que completamente enegrecido pelas sombras.
Sim, irmã! Sei que, ao ler este relato, certamente está a duvidar de minha sanidade, mas posso lhe jurar que tudo o que estou a lhe relatar fora real.. Eu sei o que vi!
Ao caminhar pelo bosque, apavorado – naturalmente, como qualquer um estaria em tal situação -, e logo avistei de longe uma clareira entre as arvores, em meio ao breu da floresta.. A luz provinha de uma fogueira que fora acendida. Ao redor dela, vi os vultos de quatro figuras dançarem.
Aquela visão encheu-me e pavor, de modo que não permitiria, de modo algum, que tais criaturas me vissem; assim fui me aproximando sorrateiramente, me escondendo atrás das árvores, para que elas não pudessem perceber minha presença.
Em dado momento eu havia chegado realmente perto, e pude perceber quem eram: as três mulheres, e dentre elas também estava minha Lucy! Aquilo fora um grande sobressalto, e o medo havia tomado conta de mim.
No instante seguinte, elas cessaram a dança, e olharam fixamente na direção na qual eu me encontrava.
Sarah sorriu – e em seu sorriso, tinha algo de maligno.
- Revele-se! – bradou ela – Quem quer que seja!
Agora, a certeza que elas haviam notado minha presença era absoluta.
Ainda temeroso, senti um pequeno alívio ao me certificar que minha afiada adaga ainda encontrava-se em meu bolso. Em seguida, tomado por uma súbita coragem, deixei meu esconderijo entre as árvores e apresentei-me as irmãs.
Lucy encarou-me; não parecia estar surpresa, a propósito não demonstrara reação alguma.
Algo em seus olhos havia mudado.
02 de Novembro de 1891
Cara irmã, temo ter más notícias a lhe relatar.
Sou um homem condenado! Acabo de descobrir minha brutal natureza, que veio a mim mesmo surpreender.
O que lhe contarei agora, com grande pesar, a fará talvez compreender os atos terríveis que cometi em meu último dia de estadia na tempestuosa Salém.
Como deve recordar-se, eu havia prometido a mim mesmo enfrentar as mulheres misteriosas que ofereceram uma bebida suspeita a minha Lucy, e assim o fiz; enquanto minha mulher jazia doente em sua cama, parti, armado com uma adaga - afinal eu não sabia exatamente a natureza daquelas estranhas com as quais estava lidando.
Então, na manhã que se sucedeu aos fatos que marcaram minha chegada a esta cidade, despertei decidido a me reencontrar com elas, e lividamente caminhei em direção ao local onde tudo ocorrera naquele dia. Encontrei o local com a porta aberta, e adentrei-o; mas aparentemente estava vazio.. Chamei-as, mas não obtive resposta.
Logo atrás da velha moradia das irmãs, avistei um jardim, pequeno e dotado de uma beleza singular, bonito e soturno; pequenos animais viviam lá, entre as sombras de plantas exóticas e belas, bem como dos frutos e flores silvestres, e da a hera que crescia irregular por todos os lados.
Ao sentir o docílimo perfume que vinha dali, comecei a sentir uma certa tontura, e tudo aminha volta havia mudado: o pequeno jardim permanecia lá, mas agora eu não mais estava no cenário inicial, nas ruas de Salém; era noite, e ora encontrava-me em uma floresta escurecida.. Creio que, quase sem perceber, tal como em meio a um devaneio eu havia caminhado em direção a tal floresta que ora me encontrava. Já era noite, e a única luz que me guiava provinha de um pálido luar, que se estendia sobre as árvores e todo o caminho a minha frente, quase que completamente enegrecido pelas sombras.
Sim, irmã! Sei que, ao ler este relato, certamente está a duvidar de minha sanidade, mas posso lhe jurar que tudo o que estou a lhe relatar fora real.. Eu sei o que vi!
Ao caminhar pelo bosque, apavorado – naturalmente, como qualquer um estaria em tal situação -, e logo avistei de longe uma clareira entre as arvores, em meio ao breu da floresta.. A luz provinha de uma fogueira que fora acendida. Ao redor dela, vi os vultos de quatro figuras dançarem.
Aquela visão encheu-me e pavor, de modo que não permitiria, de modo algum, que tais criaturas me vissem; assim fui me aproximando sorrateiramente, me escondendo atrás das árvores, para que elas não pudessem perceber minha presença.
Em dado momento eu havia chegado realmente perto, e pude perceber quem eram: as três mulheres, e dentre elas também estava minha Lucy! Aquilo fora um grande sobressalto, e o medo havia tomado conta de mim.
No instante seguinte, elas cessaram a dança, e olharam fixamente na direção na qual eu me encontrava.
Sarah sorriu – e em seu sorriso, tinha algo de maligno.
- Revele-se! – bradou ela – Quem quer que seja!
Agora, a certeza que elas haviam notado minha presença era absoluta.
Ainda temeroso, senti um pequeno alívio ao me certificar que minha afiada adaga ainda encontrava-se em meu bolso. Em seguida, tomado por uma súbita coragem, deixei meu esconderijo entre as árvores e apresentei-me as irmãs.
Lucy encarou-me; não parecia estar surpresa, a propósito não demonstrara reação alguma.
Algo em seus olhos havia mudado.
(continua...)
by Vane
Como vai moça?
ReplyDeleteFicou perfeito e cativante!
Você não é o tipo de escritora que
fica a "encher linguiça", ou seja,
não enrola o leitor, indo direto ao ponto.
Eu também gosto assim,
porque já passei muita raiva lendo autores prolixos.
É um estilo bom para este mundo metropolitano,
você consegue finalizar um capítulo "antes de descer na próxima estação";
entretanto, há de ser o autor, faustuoso nos detalhes,
de capítulo a capítulo, pois, é isto que nos cativa.
Ué, Vane! Onde está o 3º capítulo?
Olá Arnaldo,
DeleteAgradeço muitíssimo pelo atencioso comentário :)
Um forte abraço..
Bom dia querida Vanessa... quantos rituais escondidos dos nossos olhares ainda são feitos..
ReplyDeleteo lado negro nunca desiste.. sempre busca caminhos para alimentar-se da vitalidade de pessoas boas..
os encantos de momento geralmente escondem algo de intenção contrária..
que continues assim.. fique sempre bem..
abraços e até sempre
Olá Samuel..
DeletePreciso concordar.. "Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia"..
Fique bem também! Abraços
Ahhh... Fiquei tão presa e envolvida... O ponto final, rs... Aguçou ainda mais a curiosidade...
ReplyDeleteAdoro a tua forma de escrever, aguardarei desfecho.
Meu carinho, boa noite.
Olá Lucy
DeleteAgradeço pelo gentil comentário.
Um abraço..
Muito bom! Sempre me empolgo quando leio seus contos, o mais interessante é a maneira como descreve sempre imagino as cenas :)
ReplyDeleteTe indiquei para uma tag
Obrigada :D
DeleteJá respondi o/ Agradeço novamente pela indicação.
Um abraço
Magnifica narração, Vane, prendeu o leitor do principio ao fim. Com estilo e meticulosa ao extremo, detalhista, isso é bom, demonstra grande imaginação e poder de síntese. Uma das melhores escritoras que eu conheço. Perfeita em verso e prosa, estilo agradável e leve, elegantérrimo! Acredite. Abraços.
ReplyDeleteObrigada Fábio, fico lisonjeada com suas palavras.. ainda mais por serem vindas de você, um ótimo escritor!
DeleteAbraços
Olá
ReplyDeleteAgradeço por sua visita..
Um abraço