September 8, 2015

A Witch's Tale - Capítulo II


A WITCH'S TALE
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Para Lady Blanchard, Inglaterra
02 de Novembro de 1891

   Cara irmã, temo ter más notícias a lhe relatar.
Sou um homem condenado! Acabo de descobrir minha brutal natureza, que veio a mim mesmo surpreender.

   O que lhe contarei agora, com grande pesar, a fará talvez compreender os atos terríveis que cometi em meu último dia de estadia na tempestuosa Salém.

   Como deve recordar-se, eu havia prometido a mim mesmo enfrentar as mulheres misteriosas que ofereceram uma bebida suspeita a minha Lucy, e assim o fiz; enquanto minha mulher jazia doente em sua cama, parti, armado com uma adaga - afinal eu não sabia exatamente a natureza daquelas estranhas com as quais estava lidando. 

   Então, na manhã que se sucedeu aos fatos que marcaram minha chegada a esta cidade, despertei decidido a me reencontrar com elas, e lividamente caminhei em direção ao local onde tudo ocorrera naquele dia. Encontrei o local com a porta aberta, e adentrei-o; mas aparentemente estava vazio.. Chamei-as, mas não obtive resposta.

   Logo atrás da velha moradia das irmãs, avistei  um jardim, pequeno e dotado de uma beleza singular, bonito e soturno; pequenos animais viviam lá, entre as sombras de plantas exóticas e belas, bem como dos frutos e flores silvestres, e da a hera que crescia irregular por todos os lados.

   Ao sentir o docílimo perfume que vinha dali, comecei a sentir uma certa tontura, e tudo  aminha volta havia mudado: o pequeno jardim permanecia lá, mas agora eu não mais estava no cenário inicial, nas ruas de Salém; era noite, e ora encontrava-me em uma floresta escurecida.. Creio que, quase sem perceber, tal como em meio a um devaneio eu havia caminhado em direção a tal floresta que ora me encontrava. Já era noite, e a única luz que me guiava provinha de um pálido luar, que se estendia sobre as árvores e todo o caminho a minha frente, quase que completamente enegrecido pelas sombras.

   Sim, irmã! Sei que, ao ler este relato, certamente está a duvidar de minha sanidade, mas posso lhe jurar que tudo o que estou a lhe relatar fora real.. Eu sei o que vi!

   Ao caminhar pelo bosque, apavorado – naturalmente, como qualquer um estaria em tal situação -, e logo avistei de longe uma clareira entre as arvores, em meio ao breu da floresta.. A luz provinha de uma fogueira que fora acendida. Ao redor dela, vi os vultos de quatro figuras dançarem.

   Aquela visão encheu-me e pavor, de modo que não permitiria, de modo algum, que tais criaturas me vissem; assim fui me aproximando sorrateiramente, me escondendo atrás das árvores, para que elas não pudessem perceber minha presença. 

   Em dado momento eu havia chegado realmente perto, e pude perceber quem eram: as três mulheres, e dentre elas também estava minha Lucy! Aquilo fora um grande sobressalto, e o medo havia tomado conta de mim. 

   No instante seguinte, elas cessaram a dança, e olharam fixamente na direção na qual eu me encontrava.
   Sarah sorriu – e em seu sorriso, tinha algo de maligno.

   - Revele-se! – bradou ela – Quem quer que seja!
   Agora, a certeza que elas haviam notado minha presença era absoluta.

   Ainda temeroso, senti um pequeno alívio ao me certificar que minha afiada adaga ainda encontrava-se em meu bolso. Em seguida, tomado por uma súbita coragem, deixei meu esconderijo entre as árvores e apresentei-me as irmãs.
   Lucy encarou-me; não parecia estar surpresa, a propósito não demonstrara reação alguma.

   Algo em seus olhos havia mudado.


(continua...)


by Vane

11 comments:

  1. Como vai moça?
    Ficou perfeito e cativante!
    Você não é o tipo de escritora que
    fica a "encher linguiça", ou seja,
    não enrola o leitor, indo direto ao ponto.
    Eu também gosto assim,
    porque já passei muita raiva lendo autores prolixos.
    É um estilo bom para este mundo metropolitano,
    você consegue finalizar um capítulo "antes de descer na próxima estação";
    entretanto, há de ser o autor, faustuoso nos detalhes,
    de capítulo a capítulo, pois, é isto que nos cativa.
    Ué, Vane! Onde está o 3º capítulo?

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    1. Olá Arnaldo,
      Agradeço muitíssimo pelo atencioso comentário :)

      Um forte abraço..

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  2. Bom dia querida Vanessa... quantos rituais escondidos dos nossos olhares ainda são feitos..
    o lado negro nunca desiste.. sempre busca caminhos para alimentar-se da vitalidade de pessoas boas..
    os encantos de momento geralmente escondem algo de intenção contrária..
    que continues assim.. fique sempre bem..
    abraços e até sempre

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    1. Olá Samuel..

      Preciso concordar.. "Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia"..

      Fique bem também! Abraços

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  3. Ahhh... Fiquei tão presa e envolvida... O ponto final, rs... Aguçou ainda mais a curiosidade...
    Adoro a tua forma de escrever, aguardarei desfecho.
    Meu carinho, boa noite.

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    1. Olá Lucy
      Agradeço pelo gentil comentário.

      Um abraço..

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  4. Muito bom! Sempre me empolgo quando leio seus contos, o mais interessante é a maneira como descreve sempre imagino as cenas :)
    Te indiquei para uma tag

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    1. Obrigada :D
      Já respondi o/ Agradeço novamente pela indicação.

      Um abraço

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  5. Magnifica narração, Vane, prendeu o leitor do principio ao fim. Com estilo e meticulosa ao extremo, detalhista, isso é bom, demonstra grande imaginação e poder de síntese. Uma das melhores escritoras que eu conheço. Perfeita em verso e prosa, estilo agradável e leve, elegantérrimo! Acredite. Abraços.

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    1. Obrigada Fábio, fico lisonjeada com suas palavras.. ainda mais por serem vindas de você, um ótimo escritor!

      Abraços

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  6. Olá

    Agradeço por sua visita..

    Um abraço

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