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December 17, 2014

As Três Irmãs do Poeta - E. Berthoud

As Três Irmãs do Poeta

É Noite! as sombras correm nebulosas.
Vão três pálidas virgens silenciosas
Através da procela irrequieta.
Vão três pálidas virgens... vão sombrias
Rindo colar num beijo as bocas frias...

Na fronte cismadora do Poeta:
"Saúde, irmão! Eu sou a Indiferença.
Sou eu quem te sepulta a idéia imensa,
Quem no teu nome a escuridão projeta...
Fui eu que te vesti do meu sudário...
Que vais fazer tão triste e solitário?..."

- "Eu lutarei!" - responde-lhe o Poeta.
"Saúde, meu irmão! Eu sou a Fome.
Sou eu quem o teu negro pão consome...
O teu mísero pão, mísero atleta!
Hoje, amanhã, depois... depois (qu'importa?)
Virei sempre sentar-me à tua porta..."

-"Eu sofrerei"-responde-lhe o Poeta.
"Saúde, meu irmão! Eu sou a Morte.
Suspende em meio o hino augusto e forte.
Marquei-te a fronte, mísero profeta!
Volve ao nada! Não sentes neste enleio
Teu cântico gelar-se no meu seio?!"
-"Eu cantarei no céu" - diz-lhe o Poeta!

E. Berthoud

Imagem de witch, magic, and black and white


 Hoje compartilho aqui estes versos de E. Berthoud (Louis Eugène Henri Berthoud, a.k.a. Gontran Borys), um poeta francês cuja obra conheço muito pouco, mas encantei-me por este poema quando vi sua tradução no livro Espumas Flutuantes, de Castro Alves. Acredito que todos os poetas e/ou amantes da poesia também irão gostar :)

Um excelente final de ano a todos que me acompanham.. Abraços