September 26, 2013

Desolação.


Lá estava eu, caminhando só,
pelas ruínas onde outrora vivia.
Nada mais me restara naquele lugar,
além de distantes lembranças
de tudo o que vivi,
a mancha de sua memória;
o veneno do amor,
 percorria minhas veias, a consumi-las.
Pois o amor, é o veneno da vida.
Ele seria minha salvação, e meu fim.
Sabia que lá mesmo,
como um sacrifício em seu nome,
eu morreria.

Seria esse meu destino?..
Viver eternamente em meio a essa desolação 
à qual a vida me aprisionara?

Caminhava sob os restos
de tudo que outrora já amei.
Todo o amor que havia em mim,
já não existia mais, era apenas uma vaga memória,
uma sombra aprisionada naquele lugar;
Aqui reencontrei-o, a doença,
O grande mártir de minha alma.

Aqui reencontrei o que restava de minha vida,
de meu espírito agora inconsolável.

Aqui jaz o néctar do espírito
No qual queria saciar minha sede, afogar a tristeza
E esquecer minhas gélidas lembranças
Que estão a entorpecer e consumir meu interior,
e me matando lentamente, dia após dia.

Já não sabia se ainda tinha uma alma,
Ou se esta também se perdera em meio à desolação;
Queria apenas reencontrá-la,
mas já não sabia se meus olhos, 
cegos de ilusões e marejados de lágrimas,
seriam capazes de ver novamente a vida
da mesma maneira que outrora viam.

Minha alma talvez descansa num lugar silencioso e frio, 
à espera de ser encontrada.

by Vane



10 comments:

  1. Que lindo, Vane! Este é um dos mais belos poemas que me lembro ter lido na vida! O clima gótico-romântico dele é maravilhoso. Enfim, um poema antologiável!

    (Mas não sei se você liga para os detalhes, se sim, antes da palavra "essa" jamais se usa crase; o correto seria "em meio a essa desolação")

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    1. Olá Renan, obrigada pelas gentis palavras.
      Obrigada por me avisar do erro, já corrigi :)
      Um abraço..

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  2. IDEALISMO

    Falas de amor, e eu ouço tudo e calo
    O amor na Humanidade é uma mentira.
    E é por isto que na minha lira
    De amores fúteis poucas vezes falo.

    O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
    Quando, se o amor que a Humanidade inspira
    É o amor do sibarita e da hetaíra,
    De Messalina e de Sardanapalo?

    Pois é mister que, para o amor sagrado,
    O mundo fique imaterializado
    — Alavanca desviada do seu fulcro —

    E haja só amizade verdadeira
    Duma caveira para outra caveira,
    Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!

    (Augusto dos Anjos)



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    1. Olá Fábio
      Gosto muito deste poema de Augusto dos Anjos!.. Sem dúvida descreve o que penso a respeito do amor.
      Um abraço..

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  3. Seguro que ese Alma que tanto amó, será encontrada y volverá a vivir y a probar ese nuevo Amor.

    Saludos, manolo
    http://marinosinbarco.blogspot.com.es

    .

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    1. Olá, seja bem-vindo
      Obrigada pelas gentis palavras!..
      Abraços

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  4. Simplesmente amo o clima dark de tudo o que você posta no blog, e principalmente o que você mesma escreve. Como não tenho jeito particular para poesia, aprecio muito quem o tem, como você o próprio Fábio Murilo, ali em cima, citando Augusto dos Anjos como sempre. haha

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    1. Olá Mari
      Obrigada ^^.. E você, por sua vez, escreve contos como ninguém!.. Sempre gosto de ler o que escreve.

      Um abraço

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  5. Hermosas letras, además de profundas, sabes me encanta tu blog aquí estaré un rato, claro si me lo permites.

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    1. Olá
      Obrigada pela visita, e pelo gentil comentário
      Seja bem-vindo :)

      Um abraço

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