Encontrei esse poema em uma das postagens de meu antigo blog.. tanto tempo se passou desde que eu o havia publicado lá, e essas palavras ainda me inspiram!..
Quando finalmente despertei daquele estranho sonho,
o mesmo que por muitas noites me assombrara,
estava a afundar cada vez mais num abismo de loucura.
Minha mente doente e alquebrada,
me conduzia a um labirinto de pensamentos macabros
nos quais havia me perdido quase completamente;
eis onde me encontrava, na prisão da insanidade.
Embora não deva mais confiar em minha memória,
pois a loucura parece continuar a me corroer por dentro, a cada momento...
devo lhes contar como aconteceu.
Foi numa noite do último verão, se me recordo bem.
Em que a lua estava cheia, brilhando plena em meio à escuridão,
a iluminar o extenso caminho que se estendia à minha frente,
em meio ao intenso breu que envolvia a noite.
Em minha mente, tudo aquilo parecia tão irreal.
Tal como se estivesse vagando perdida num sonho meu,
Ou, mais possivelmente, num pesadelo.
E do qual eu já não sabia se conseguiria me libertar,
pois me tornara parte dele.
Primeiro, estava a vagar sem rumo
num lúgubre lugar que parecia ser um cemitério.
E então eu via as sombras.
Depois, o sangue pulsando. E jorrando, vermelho vivo.
Sim, lá haviam sombras com vida
Que vagavam pelo lugar,
e das quais eu fugia.
Estava tremendo, embora não estivesse tão frio;
e minha pele estava ainda mais pálida à luz do luar.
E havia sangue, muito sangue.
Em meus braços, em meu corpo gélido;
E as feridas abertas, não sabia como haviam surgido.
Aprisionada num de meus pesadelos mais sombrios,
eu era vítima de minha insana mente.
Eu gritava.
E ouvi em resposta somente
Vozes que me sussurravam que eu deveria fugir,
ou despertar?- não lembro ao certo.
Aquilo que se passava fora real,
Ou acontecera apenas em minha mente?
Tal incerteza me fazia suportar a dor,
Que, por sua vez, não sabia ao certo de onde vinha.
Haviam feridas, havia sangue,
Mas a dor que vinha de minha mente
Era ainda mais dolorosa.
Foi então que despertei,
e as lembranças da noite passada estavam
tão vivas em minha memória.
Tudo fora apenas um sonho ruim, pensei.
Mas parecera tão real!
Foi quando senti um calafrio ao ver que
as feridas em meu corpo,
- tal como havia visto em meu sonho -
estavam lá, e ainda sangravam.
"Je suis trop jeune encor, je veux aimer et vivre,
Ô mort… et je ne puis me résoudre à te suivre
Dans le sombre chemin; (...)
Ô mort, reviens demain!"
- Théophile Gautier, em "La Comédie de La Mort"
Suicide Lullaby.
Em pé, defronte à sua sepultura
Nesta gélida noite, sob a pálida luz do luar
Remoo as lembranças, com amargura
Daquele que se foi, e que sempre irei amar.
Através da névoa da madrugada
Eu indago a ti, ó Morte!
Por que levaste minha pessoa amada,
Deixando-me só, à minha própria sorte?
Meu amado, mesmo que jamais me esqueça de ti,
Queria ter visto o mundo através do teu olhar;
Pois o quão era infeliz, jamais compreendi.
Embora nunca cessasse de te adorar.
Cometera suicídio, à morte se entregou
Acreditando que assim, sua dor iria cessar,
Pois a vida, de ilusões lhe cegou;
E perdera a si mesmo, incapaz de se reencontrar.
Na vida, jamais verdadeiramente acreditou;
Embora tivesse sonhos, que jamais foram realizados