Há alguns dias atrás decidi dedicar-me a escrever um conto, com a finalidade de treinar minha escrita e melhorá-la com o tempo. Hoje postarei aqui o primeiro capítulo (e pretendo escrever mais dois); a temática abordada, como já puderam perceber pelo título, é sobre vampiros. Espero que gostem :)
VAMPIRE HEART
Capítulo I | Capítulo II | Capítulo III
Cá estou eu novamente, a consumir as intermináveis horas de meu dia em meio a pensamentos lúgubres e envenenados por angústias passadas. A Eternidade se estende à minha frente, tal como se o Tempo houvesse se paralisado apenas para mim; através das últimas décadas de minha vil existência, comecei a ver o mundo e os seres humanos com outros olhos- e tal deturpada visão fizera-me desejar a Morte, tal era minha crescente repulsa que sentia por tais seres, e por tudo o mais que existia.
Outrora desejava ardosamente que se desvanecessem para sempre todas as coisas deste mundo doentio, inclusive a mim, criatura da noite subjugada a viver eternamente em suas sombras, e desprovida de quaisquer sentimentos senão minha constante sede por sangue. Amaldiçoei tantas vezes tal destino, mas por fim acabara aceitando meu fardo. Há tempos já não sentira mais remorso em matar.. e este acontecimento que lhes narrarei descreve como me tornei o que sou hoje, um vampiro.
Os fatos que ora lhes relato ocorreram em uma gélida noite de Inverno, há muitas luas atrás.
-
Era início de dezembro, e os primeiros flocos de neve começavam a cair do céu. Estava descansando ao ar livre, no fim de uma tarde, próximo a uma conhecida catedral de Barcelona.
Dedicava-me a contemplar uma série de pinturas de Francisco de Goya, denominada Los caprichos.
As horas corriam.. Quando dei por mim, a noite já encobria lentamente o dia, até findar toda a luz em seu manto escurecido. Estava a refazer o caminho de volta para casa, enquanto refletia sobre uma gravura de Goya cuja legenda havia me chamado a atenção: O sono da razão produz monstros.
Afinal, - indaguei - O que faz um homem perder a razão?
Enquanto caminhava, estando absorto em meus pensamentos, em dado instante tive a sensação de estar sendo observado.
Comecei a sentir-me desconfortável e a apressar meus passos; foi quando me deparei com um par de olhos brilhantes que me fitavam ao longe, em meio ao nevoeiro e ao breu da noite.
Naquele breve momento, aqueles olhos, negros como furnas do inferno , pareciam ter visto através de minha alma; meu temor veio de maneira súbita, de modo que realmente me surpreendeu, pois eu nunca havia me sentido de tal forma antes: Um medo mortal se alastrou por todo o meu corpo.
Tal pavor paralisou-me, de modo que não fui capaz de fugir, e realmente não sabia que forças ocultas haviam me impelido de escapar. Tentei gritar com todas as minhas forças, mas minha voz pareceu apenas um sussurro abafado em meio àquela escuridão desoladora.
Com todas as forças que ainda me restavam, olhei novamente para a face de quem (ou daquilo) que havia me amedrontado em tal intensidade.
Era uma mulher.
Ela era belíssima, mas em seu semblante havia algo que era, sem dúvida, de natureza sobrenatural.
- Não tema - ela disse-me, estendendo-me sua mão.
Ainda temeroso, fui estendendo minha mão em sua direção de forma relutante.. antes ainda de tocá-la, recordo-me que tudo à minha volta foi se desvanecendo aos poucos, e eu observava meu próprio corpo ir sumindo conquanto ia dividindo-se em pequenas partículas que evaporaram. Eu gritara, e dessa vez meu grito fora bastante forte e audível..
Quando recuperei minha consciência, estava deitado de bruços no chão. Naquele momento, tentei convencer-me de que aquilo que se passou na noite anterior fora apenas um sonho, mas o lugar onde ora me encontrava não deixava-me dúvidas sobre o que havia acontecido. Vi meu reflexo no chão completamente ensanguentado, e minha expressão converteu-se em absoluto terror.
O sono da razão produz monstros.
A citação de Goya veio à tona em minha mente, naquele instante. Seriam as visões que tivera parte da realidade, ou meros produtos de uma mente insana? Bem, agora já sabem a resposta.. meu pesadelo era dolorosamente real! Mal sabia eu o que estava por vir..
Outrora desejava ardosamente que se desvanecessem para sempre todas as coisas deste mundo doentio, inclusive a mim, criatura da noite subjugada a viver eternamente em suas sombras, e desprovida de quaisquer sentimentos senão minha constante sede por sangue. Amaldiçoei tantas vezes tal destino, mas por fim acabara aceitando meu fardo. Há tempos já não sentira mais remorso em matar.. e este acontecimento que lhes narrarei descreve como me tornei o que sou hoje, um vampiro.
Os fatos que ora lhes relato ocorreram em uma gélida noite de Inverno, há muitas luas atrás.
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Dedicava-me a contemplar uma série de pinturas de Francisco de Goya, denominada Los caprichos.
As horas corriam.. Quando dei por mim, a noite já encobria lentamente o dia, até findar toda a luz em seu manto escurecido. Estava a refazer o caminho de volta para casa, enquanto refletia sobre uma gravura de Goya cuja legenda havia me chamado a atenção: O sono da razão produz monstros.
Afinal, - indaguei - O que faz um homem perder a razão?
Enquanto caminhava, estando absorto em meus pensamentos, em dado instante tive a sensação de estar sendo observado.
Comecei a sentir-me desconfortável e a apressar meus passos; foi quando me deparei com um par de olhos brilhantes que me fitavam ao longe, em meio ao nevoeiro e ao breu da noite.
Naquele breve momento, aqueles olhos, negros como furnas do inferno , pareciam ter visto através de minha alma; meu temor veio de maneira súbita, de modo que realmente me surpreendeu, pois eu nunca havia me sentido de tal forma antes: Um medo mortal se alastrou por todo o meu corpo.
Tal pavor paralisou-me, de modo que não fui capaz de fugir, e realmente não sabia que forças ocultas haviam me impelido de escapar. Tentei gritar com todas as minhas forças, mas minha voz pareceu apenas um sussurro abafado em meio àquela escuridão desoladora.
Com todas as forças que ainda me restavam, olhei novamente para a face de quem (ou daquilo) que havia me amedrontado em tal intensidade.
Era uma mulher.
Ela era belíssima, mas em seu semblante havia algo que era, sem dúvida, de natureza sobrenatural.
- Não tema - ela disse-me, estendendo-me sua mão.
Ainda temeroso, fui estendendo minha mão em sua direção de forma relutante.. antes ainda de tocá-la, recordo-me que tudo à minha volta foi se desvanecendo aos poucos, e eu observava meu próprio corpo ir sumindo conquanto ia dividindo-se em pequenas partículas que evaporaram. Eu gritara, e dessa vez meu grito fora bastante forte e audível..
Quando recuperei minha consciência, estava deitado de bruços no chão. Naquele momento, tentei convencer-me de que aquilo que se passou na noite anterior fora apenas um sonho, mas o lugar onde ora me encontrava não deixava-me dúvidas sobre o que havia acontecido. Vi meu reflexo no chão completamente ensanguentado, e minha expressão converteu-se em absoluto terror.
O sono da razão produz monstros.
A citação de Goya veio à tona em minha mente, naquele instante. Seriam as visões que tivera parte da realidade, ou meros produtos de uma mente insana? Bem, agora já sabem a resposta.. meu pesadelo era dolorosamente real! Mal sabia eu o que estava por vir..
by Vane
E este é o primeiro capítulo.. deixem suas opiniões, críticas e sugestões :) Em breve postarei o próximo capítulo.
p.s.: O título do conto é inspirado na música homônima do HIM.
p.s. 2: Para quem quiser conferir a série de pinturas de Goya às quais fiz referência, clique aqui.
E este é o primeiro capítulo.. deixem suas opiniões, críticas e sugestões :) Em breve postarei o próximo capítulo.
p.s.: O título do conto é inspirado na música homônima do HIM.
p.s. 2: Para quem quiser conferir a série de pinturas de Goya às quais fiz referência, clique aqui.