May 29, 2012

I had a dream...

 Na noite passada, eu tive um sonho que pareceu tão real.
 Em meu sonho, o Sol havia se apagado; e assim as Trevas consumiram todo o mundo, o tomando e possuindo por completo com sua escuridão. Nas profundezas da noite eterna, restaram apenas as estrelas, brilhando sombrias em seus halos. Talvez elas ainda estavam lá para conceder aos homens a esperança que um dia a Luz retornaria ao mundo.
 Mas era tarde demais; a noite já vencera o dia, nada mais restava. E este vazio possuiu os corações dos homens, e assim eles se tornaram parte da noite, pertencendo eternamente à ela.
 E foi assim que me tornei a Escuridão.
 Eu ainda dormia sob as estrelas, na esperança que suas réstias de Luz penetrassem em meu coração sombrio. E assim se foi, dia após dia, e com todas as minhas esperanças e meus sonhos já mortos em meu interior, eu me entreguei completamente à Escuridão, deixando-a envolver-me com seus braços enegrecidos, como se sempre houvesse pertencido à ela.
 No grande abismo que se tornara o mundo, a Escuridão em pouco tempo consumira também a Vida, e a Morte triunfava em sua silenciosa vitória sobre os restos do que outrora habitava o mundo.
 Bom, tudo fora apenas um sonho.  

by Vane 
 

May 25, 2012

Inspiração: Victoria Francés

 Hoje farei um post sobre uma das minhas ilustradoras favoritas, cujas obras me inspiram muito: Victoria Francés.
 Ela uma pintora e ilustradora espanhola, licenciada em Belas Artes na faculdade de San Carlos de Valencia. As suas ilustrações e desenhos representam assim um mundo onírico do romantismo gótico; apresenta temáticas que nos levam a um mundo simbologista, mágico e ancestral.
 Todo o sofrimento dos seres proscritos deste mundo é retratado em forma de castelos obscuros e mansões de luzes tremeluzentes, onde se reconhece a influência de Goethe, Edgar Allan Poe, Baudelaire e até Bram Stoker.
 Quem gosta de desenhos góticos vai se apaixonar pelos que a Victoria Francés faz, são lindos, alguns são bem tristes e/ou dramáticos, mas é impossível não se encantar pela arte dela, ainda mais quem ama desenhar, como eu, os desenhos dela são muito inspiradores ;)



Espero que tenham gostado :) Bjs

May 20, 2012

The Ghost Story

The Ghost Story
 
Era uma noite fria de inverno
Em que a escuridão tomava aquelas ruínas
E a lua aparecia pálida no céu
Iluminando meu caminho sombrio...

Eu era um fantasma
Que vagava nas sombras da noite
Remoendo as lembranças
De uma vida tão curta
Em que amei e vivi
Intensamente
Mas agora, meu corpo
Sem vida jazia no solo
E eu, sem rumo vagava
E escutava o vento,
Soprando entre as árvores,
Sussurrando suas tristes canções
E a fria garoa
Que enquanto caía
Contava histórias...
 
As sombras da noite
E as lembranças guardadas
No baú da minha Memória
Eram tudo que tinha, e nada mais
Então o grande relógio da torre
Marcou meia-noite
Era a hora de partir
Para um lugar bem distante dali
Longe daquelas árvores escurecidas
E daquele lugar sem vida
Cheio de ruínas
De lembranças passadas
E há muito tempo esquecidas...

Daquele dia em diante
Eu, por muitas vezes
Vaguei pelas sombras da noite
Lamentando minha vil existência
Longe de tudo que outrora já amei...
Me entreguei novamente à escuridão
Buscando nela consolo
E eternamente vivendo em suas entranhas,
Apenas na companhia
De minhas memórias
Que há muito vem assombrar-me
Noite após noite
Preenchendo o vazio que
Há em mim
Por toda a Eternidade.

by Vane


May 17, 2012

Imaginário

Poema dedicado ao meu anjo da guarda, que sempre está comigo a me proteger e iluminar <3


Imaginário
 
Meu anjo
Não me deixe afundar
Nas sombras
Onde estão aprisionados
Os meus medos…
Me resgate
E com suas asas prateadas
Me leve para muito longe.

Para um lugar
Onde a luz da lua
Dorme sobre a relva
E o vento passeia
Entre as rosas brancas...
Um lugar
Para onde podemos fugir
Antes do amanhecer

Meu anjo,
Apenas me leve com você
Para um lugar
Onde podemos viver em paz
Para sempre
Longe de todo o mal
Que assombra este mundo...

Meu anjo…
Eu estarei te esperando. 

by Vane

Frederic Leighton, Elijah in the Wilderness (detail) 1877-78:
Elijah in the Wilderness (detalhe), por Frederic Leighton

May 14, 2012

In my darkest dreams

In my darkest dreams

Em meus sonhos mais sombrios
Eu te encontrei
Você era tudo pra mim
Você transformava em luz
As sombras que habitavam
Dentro de mim
Mas você não era real
Uma doce ilusão
Um sonho perturbador
Mas era tudo pra mim
 
Para onde você partiu agora?
Uma troca injusta
Com o mundo real
E eu não posso te fazer real
Então eu desejo apenas
Que você venha até mim
E me leve embora em seus braços…

Enquanto os anos passam
Diante de mim
Cresce o buraco em meu coração
A falta que você me faz
Então, novamente, eu me deito
E te encontro em meus
Sonhos mais sombrios
Mas, se só posso ter você
Nos meus sonhos
Dormirei para sempre
Até que você me desperte
E me traga
De volta à vida.

by Vane


May 13, 2012

O Corvo - Edgar Allan Poe

 Hoje publicarei aqui um poema que eu gosto muito: "O Corvo" de Edgar Allan Poe; acredito que seja o poema mais conhecido dele. A tradução é de Machado de Assis.


O Corvo

Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho,
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais."

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora.
E que ninguém chamará mais.

E o rumor triste, vago, brando
Das cortinas ia acordando
Dentro em meu coração um rumor não sabido,
Nunca por ele padecido.
Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,
Levantei-me de pronto, e: "Com efeito,
(Disse) é visita amiga e retardada
Que bate a estas horas tais.
É visita que pede à minha porta entrada:
Há de ser isso e nada mais."

Minh'alma então sentiu-se forte;
Não mais vacilo e desta sorte
Falo: "Imploro de vós, — ou senhor ou senhora,
Me desculpeis tanta demora.
Mas como eu, precisando de descanso,
Já cochilava, e tão de manso e manso
Batestes, não fui logo, prestemente,
Certificar-me que aí estais."
Disse; a porta escancaro, acho a noite somente,
Somente a noite, e nada mais.

Com longo olhar escruto a sombra,
Que me amedronta, que me assombra,
E sonho o que nenhum mortal há já sonhado,
Mas o silêncio amplo e calado,
Calado fica; a quietação quieta;
Só tu, palavra única e dileta,
Lenora, tu, como um suspiro escasso,
Da minha triste boca sais;
E o eco, que te ouviu, murmurou-te no espaço;
Foi isso apenas, nada mais.

Entro coa alma incendiada.
Logo depois outra pancada
Soa um pouco mais forte; eu, voltando-me a ela:
"Seguramente, há na janela
Alguma cousa que sussurra. Abramos,
Eia, fora o temor, eia, vejamos
A explicação do caso misterioso
Dessas duas pancadas tais.
Devolvamos a paz ao coração medroso,
Obra do vento e nada mais."

Abro a janela, e de repente,
Vejo tumultuosamente
Um nobre corvo entrar, digno de antigos dias.
Não despendeu em cortesias
Um minuto, um instante. Tinha o aspecto
De um lord ou de uma lady. E pronto e reto,
Movendo no ar as suas negras alas,
Acima voa dos portais,
Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas;
Trepado fica, e nada mais.

Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo, — o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: "O tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize os teus nomes senhoriais;
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

Vendo que o pássaro entendia
A pergunta que lhe eu fazia,
Fico atônito, embora a resposta que dera
Dificilmente lha entendera.
Na verdade, jamais homem há visto
Cousa na terra semelhante a isto:
Uma ave negra, friamente posta
Num busto, acima dos portais,
Ouvir uma pergunta e dizer em resposta
Que este é seu nome: "Nunca mais".

No entanto, o corvo solitário
Não teve outro vocabulário,
Como se essa palavra escassa que ali disse
Toda a sua alma resumisse.
Nenhuma outra proferiu, nenhuma,
Não chegou a mexer uma só pluma,
Até que eu murmurei: "Perdi outrora
Tantos amigos tão leais!
Perderei também este em regressando a aurora."
E o corvo disse: "Nunca mais!"

Estremeço. A resposta ouvida
É tão exata! é tão cabida!
"Certamente, digo eu, essa é toda a ciência
Que ele trouxe da convivência
De algum mestre infeliz e acabrunhado
Que o implacável destino há castigado
Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,
Que dos seus cantos usuais
Só lhe ficou, na amarga e última cantiga,
Esse estribilho: "Nunca mais".

Segunda vez, nesse momento,
Sorriu-me o triste pensamento;
Vou sentar-me defronte ao corvo magro e rudo;
E mergulhando no veludo
Da poltrona que eu mesmo ali trouxera
Achar procuro a lúgubre quimera,
A alma, o sentido, o pávido segredo
Daquelas sílabas fatais,
Entender o que quis dizer a ave do medo
Grasnando a frase: "Nunca mais".

Assim posto, devaneando,
Meditando, conjeturando,
Não lhe falava mais; mas, se lhe não falava,
Sentia o olhar que me abrasava.
Conjeturando fui, tranqüilo a gosto,
Com a cabeça no macio encosto
Onde os raios da lâmpada caíam,
Onde as tranças angelicais
De outra cabeça outrora ali se desparziam,
E agora não se esparzem mais.

Supus então que o ar, mais denso,
Todo se enchia de um incenso,
Obra de serafins que, pelo chão roçando
Do quarto, estavam meneando
Um ligeiro turíbulo invisível;
E eu exclamei então: "Um Deus sensível
Manda repouso à dor que te devora
Destas saudades imortais.
Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora."
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno
Onde reside o mal eterno,
Ou simplesmente náufrago escapado
Venhas do temporal que te há lançado
Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo
Tem os seus lares triunfais,
Dize-me: existe acaso um bálsamo no mundo?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende!
Por esse céu que além se estende,
Pelo Deus que ambos adoramos, fala,
Dize a esta alma se é dado inda escutá-la
No éden celeste a virgem que ela chora
Nestes retiros sepulcrais,
Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora!”
E o corvo disse: "Nunca mais."

“Ave ou demônio que negrejas!
Profeta, ou o que quer que sejas!
Cessa, ai, cessa! clamei, levantando-me, cessa!
Regressa ao temporal, regressa
À tua noite, deixa-me comigo.
Vai-te, não fique no meu casto abrigo
Pluma que lembre essa mentira tua.
Tira-me ao peito essas fatais
Garras que abrindo vão a minha dor já crua."
E o corvo disse: "Nunca mais".

E o corvo aí fica; ei-lo trepado
No branco mármore lavrado
Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.
Parece, ao ver-lhe o duro cenho,
Um demônio sonhando. A luz caída
Do lampião sobre a ave aborrecida
No chão espraia a triste sombra; e, fora
Daquelas linhas funerais
Que flutuam no chão, a minha alma que chora
Não sai mais, nunca, nunca mais!


Edgar Allan Poe

Sueño, de El cuervo de Allan Poe, publicación de 1884 (póstuma, después de la muerte de Dore):
Ilustração para a obra The Raven de Poe, por Gustave Doré

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Bem-vindos as meu blog, In my darkest dreams...
Aqui publicarei meus poemas, minhas inpirações, meus desenhos, enfim, aqui eu mostrarei um pouquinho do meu mundo! Espero que gostem, e se sintam à vontade para comentar.
Bjs

Imagem de piano and hair