Werewolf
Em um sonho, eu era um lobisomem.
Eu percorria sem rumo os caminhos escurecidos da floresta,
em meio à escuridão da noite,
e minha fome voraz de lobo me consumia cada vez mais.
Então iniciei a caça à minha presa.
Somente a luz do luar me permitiu avistá-la,
mas ela logo desapareceu entre as árvores enegrecidas pela noite.
Comecei então a persegui-la.
Quando a alcancei pude ouvir sua frágil respiração,
e seu coração pulsando rapidamente em meio ao desespero.
Era uma jovem garota, pálida sob a luz do luar,
e consumida pelo medo da terrível criatura que avistara.
O que fazia ela, sozinha naquela distante floresta,
tão afastada dos outros humanos?
Naquele instante, um silêncio mortal
pairou em meio à escuridão.
Então a pequena garota observou-me longamente,
demonstrando um estranho fascínio pelo seu faminto caçador.
O medo logo havia desaparecido de seu olhar,
e ela caminhou em minha direção, destemida.
Como se não temesse a morte que ali a confrontava,
e que nunca esteve tão próxima de seu encontro.
Ou talvez ela desejasse o frio abraço da Morte.
E não havia mais como fugir,
pois lá estava eu, a mais temida criatura,
a um passo de tirar sua vida.
Mesmo que ela não o desejasse, seria o seu destino.
Seria esse o seu fim?
E foi naquela noite,
que uma jovem que vagava só no mais profundo da floresta,
satisfez minha fome voraz de Lobo,
tornando-se minha mais nova presa.
Mas foi então que tornei-me amaldiçoado pela noite.
Uma criatura que, por não poupar a vida de uma frágil humana,
estava condenada a pertencer para sempre às sombras.
A permanecer lá, encarcerado sob a luz do luar,
aprisionado em sua própria maldição.
E a vida, a partir de hoje,
seria como uma eterna noite de Lua Cheia.